Comece certo
Em minha infância eu adorava a doutrina
espírita. A minha curiosidade era enorme a respeito do que os adultos faziam no
centro a noite nos dias que eu não podia ir.
Adorava aquele momento que antecipava ao
passe. Sentia uma sensação muito gostosa e intrigante.
No evangelho no lar adorava quando meu
pai dava a interpretação espírita do evangelho do Mestre Jesus. O que foi de
fato a minha evangelização.
Em minha adolescência devorava livros
espíritas. Tudo eu queria saber. Como era o plano espiritual? Como um espírito
podia atravessar uma parede? Por que não os víamos? O espírito comia?
Durante anos aprendi com os palestrantes
e absorvi a forma como cada um transmitia o conhecimento preparando
interiormente uma das atividades espíritas que mais gosto de fazer.
Ansiava por ver um espírito se
comunicar. Como seria? Seria igual ao que tinha visto nas novelas espíritas da
extinta TV Tupi de São Paulo, a Viagem e o Profeta?
Ainda adolescente, aos dezessete anos
(lá se vão vinte e sete anos), fui convidado a participar do trabalho mediúnico
no centro que frequentava na época o Grupo Assistencial Espírita Solidariedade.
Eu não podia acreditar, enfim iria ver um espírito se comunicar. Jamais me
esquecerei quando presenciei pela primeira vez um espírito trevoso se
comunicar. Confesso que morri de medo, mas medo algum me faria perder detalhe
por detalhe daquela comunicação.
A essa altura já havia aprendido com
Allan Kardec, André Luiz, com o meu pai e os trabalhadores do centro, os quais
conhecia desde o meu nascimento e portanto tinha aprendido a admirá-los e
respeitá-los, que não podemos nos mover por curiosidade, mas pelo ardente
desejo de auxiliar o próximo. Busquei a melhor sustentação que poderia
oferecer.
Ficava emocionado de ver a habilidade do
médium em manter total controle ao passar a comunicação de um espírito que
esbravejava de ódio. O médium falava alto, mas não gritava. Esbravejava, mas
mantinha suas mãos contidas. Apesar do linguajar de nível baixo, em momento
algum deixava passar uma palavra de baixo calão que o espírito queria falar,
servindo como potente filtro. Como ele conseguia isso?
Espantava-me com a eloquência do
doutrinador e a capacidade de utilizar argumentos lógicos e sensatos que
denotavam a sua vasta cultura que, aos poucos, muitas vezes semanas a fio, iam
convencendo a entidade. Até que nosso irmão espiritual fazia vencido, porém
vitorioso. Como era lindo ver a lógica amorosa de Deus!
Ficava maravilhado com as comunicações
do Mentor. Aquele espírito iluminado conseguia com pouquíssimas palavras
transmitir muita informação. Sempre paciente, bondoso, compreensivo e sabia
chamar a atenção com a severidade de um pai que quer o melhor para os seus
filhos.
Se você ainda está na adolescência e é
apaixonado pela Doutrina Espírita, posso lhe garantir que o espiritismo ainda
poderá lhe oferecer experiências únicas. Tudo dependerá de seu esforço e
dedicação.
Comece de forma certa. Leia
Kardec. Estude Kardec. Releia as obras de Kardec incansavelmente durante toda a
vida e isso claro inclui o Evangelho do Mestre Jesus.
Busque atividades diversificadas.
Aprenda tudo que puder. Jamais se feche dentro de seu próprio centro. Há vida
espírita fora de seu centro.
Lembre-se que O Mestre Jesus foi
açoitado e crucificado, Pedro foi perseguido e crucificado, Paulo de Tarso foi
apedrejado várias vezes e degolado, João Batista teve sua cabeça decepada e
entregue em uma badeja. O Mestre Jesus não nos pede tamanho sacrifício, mas não
espere sombra e agua fresca. De quando em quando Ele nos põe a prova para
avaliar o tamanho de nossa determinação, disciplina, conhecimento e fé como espíritas.
Portanto, não espere gratidão e/ou
consideração. Até mesmo dos companheiros de centro espírita. No entanto,
mantenha sempre a conduta determinada pelo Mestre Jesus e por Allan Kardec. O
que faz um trabalhador espírita ser espírita é o amor ao próximo e a pureza
doutrinária. O espírita é espírita e não espiritualista.
Não confunda amor e caridade com boa
intenção. Como diz o ditado: “De boa intenção o inferno está cheio”. O mestre
Jesus dava atenção e amor a todos que o procurava, mas nem por isso curou a
todos, porque sabia que tinham de enfrentar as suas provas.
O envelhecimento do corpo é obrigatório,
o do espírito é opcional. Mantenha a mente sempre aberta e arejada.
Com o decorrer dos anos torne-se um
velho espírita e não um espírita velho.