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quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

AOS JOVENS ESPÍRITAS


Comece certo

 
 
Em minha infância eu adorava a doutrina espírita. A minha curiosidade era enorme a respeito do que os adultos faziam no centro a noite nos dias que eu não podia ir.

Adorava aquele momento que antecipava ao passe. Sentia uma sensação muito gostosa e intrigante.

No evangelho no lar adorava quando meu pai dava a interpretação espírita do evangelho do Mestre Jesus. O que foi de fato a minha evangelização.

Em minha adolescência devorava livros espíritas. Tudo eu queria saber. Como era o plano espiritual? Como um espírito podia atravessar uma parede? Por que não os víamos? O espírito comia?

Durante anos aprendi com os palestrantes e absorvi a forma como cada um transmitia o conhecimento preparando interiormente uma das atividades espíritas que mais gosto de fazer.

Ansiava por ver um espírito se comunicar. Como seria? Seria igual ao que tinha visto nas novelas espíritas da extinta TV Tupi de São Paulo, a Viagem e o Profeta?

Ainda adolescente, aos dezessete anos (lá se vão vinte e sete anos), fui convidado a participar do trabalho mediúnico no centro que frequentava na época o Grupo Assistencial Espírita Solidariedade. Eu não podia acreditar, enfim iria ver um espírito se comunicar. Jamais me esquecerei quando presenciei pela primeira vez um espírito trevoso se comunicar. Confesso que morri de medo, mas medo algum me faria perder detalhe por detalhe daquela comunicação.

A essa altura já havia aprendido com Allan Kardec, André Luiz, com o meu pai e os trabalhadores do centro, os quais conhecia desde o meu nascimento e portanto tinha aprendido a admirá-los e respeitá-los, que não podemos nos mover por curiosidade, mas pelo ardente desejo de auxiliar o próximo. Busquei a melhor sustentação que poderia oferecer.

Ficava emocionado de ver a habilidade do médium em manter total controle ao passar a comunicação de um espírito que esbravejava de ódio. O médium falava alto, mas não gritava. Esbravejava, mas mantinha suas mãos contidas. Apesar do linguajar de nível baixo, em momento algum deixava passar uma palavra de baixo calão que o espírito queria falar, servindo como potente filtro. Como ele conseguia isso?

Espantava-me com a eloquência do doutrinador e a capacidade de utilizar argumentos lógicos e sensatos que denotavam a sua vasta cultura que, aos poucos, muitas vezes semanas a fio, iam convencendo a entidade. Até que nosso irmão espiritual fazia vencido, porém vitorioso. Como era lindo ver a lógica amorosa de Deus!

Ficava maravilhado com as comunicações do Mentor. Aquele espírito iluminado conseguia com pouquíssimas palavras transmitir muita informação. Sempre paciente, bondoso, compreensivo e sabia chamar a atenção com a severidade de um pai que quer o melhor para os seus filhos.

Se você ainda está na adolescência e é apaixonado pela Doutrina Espírita, posso lhe garantir que o espiritismo ainda poderá lhe oferecer experiências únicas. Tudo dependerá de seu esforço e dedicação.

Comece de forma certa. Leia Kardec. Estude Kardec. Releia as obras de Kardec incansavelmente durante toda a vida e isso claro inclui o Evangelho do Mestre Jesus.

Busque atividades diversificadas. Aprenda tudo que puder. Jamais se feche dentro de seu próprio centro. Há vida espírita fora de seu centro.

Lembre-se que O Mestre Jesus foi açoitado e crucificado, Pedro foi perseguido e crucificado, Paulo de Tarso foi apedrejado várias vezes e degolado, João Batista teve sua cabeça decepada e entregue em uma badeja. O Mestre Jesus não nos pede tamanho sacrifício, mas não espere sombra e agua fresca. De quando em quando Ele nos põe a prova para avaliar o tamanho de nossa determinação, disciplina, conhecimento e fé como espíritas.

Portanto, não espere gratidão e/ou consideração. Até mesmo dos companheiros de centro espírita. No entanto, mantenha sempre a conduta determinada pelo Mestre Jesus e por Allan Kardec. O que faz um trabalhador espírita ser espírita é o amor ao próximo e a pureza doutrinária. O espírita é espírita e não espiritualista.

Não confunda amor e caridade com boa intenção. Como diz o ditado: “De boa intenção o inferno está cheio”. O mestre Jesus dava atenção e amor a todos que o procurava, mas nem por isso curou a todos, porque sabia que tinham de enfrentar as suas provas.

O envelhecimento do corpo é obrigatório, o do espírito é opcional. Mantenha a mente sempre aberta e arejada.

Com o decorrer dos anos torne-se um velho espírita e não um espírita velho.