A alegria de servir
Certa vez uma pessoa me fez uma pergunta: “Vocês
espíritas fazem muitos trabalhos sociais e beneficentes, por quê?” Eu não
consegui responder de imediato, balbuciei algo, mas simplesmente me parecia tão
natural que não consegui lhe dar uma razão em específico, então disse
simplesmente: “Pela alegria de servir!”
Qual razão melhor?
Caridade que nos levará a salvação?
Realmente eu não sei se essa é a razão que move muitos dos espíritas. Há um momento em que ver a felicidade de quem auxiliamos é tão compensador que pouco importa se estaremos sendo “salvos” ou não.
Aquela atividade simplesmente passa a fazer parte
de nós, e se nos fosse tirado seria como se perdêssemos uma parte de nós.
Quantas pessoas adentram as casas espíritas infelizes
e até muitas vezes desesperadas vendo no espiritismo a sua última esperança.
Vê-las voltar a sorrir e dizerem que se sentem renascer é algo que não é
possível traduzir em palavras.
Talvez a melhor maneira de expressar seja a de que
conforme a pessoas auxiliada se sente bem é como se passássemos a sentir esse
sentimento, como se pudéssemos compartilhar desse sentimento de felicidade que
ela sente.
“O Espírito da Verdade” em O Livro dos Espíritos
informa que o trabalho para os espíritos evoluídos é uma grande satisfação e
não algo que lhe pese de qualquer forma.
Como viver indiferente a tal experiência?
Mas é exatamente o que fizemos durante um longo
tempo, ignoramos o sofrimento alheio e nos fizemos indiferentes durante
séculos.
“’O Filho do Homem’ não veio para ser servido, mas
para servir”, ensinou o Mestre Jesus.
“Amar do que ser amado”, a célebre frase da Oração de Francisco de Assis.
Lições que estão conosco há séculos nos ensinado o
caminho para a felicidade. A verdadeira felicidade.
O abraço em um idoso em um asilo.
Pegar no colo um órfão em orfanato. Na verdade mais
de um porque são muitos e muito carentes.
O olhar de esperança das pessoas no público durante
uma palestra.
O abraço gostoso de um portador de síndrome de
Down.
O olhar renovado de um enfermo em um leito de
hospital.
O sorriso eletrizado de um pequenino ao ver o Papai
Noel na festa de natal beneficente.
As lágrimas de felicidade de um irmão desencarnado
que volta ao equilíbrio ao ser atendido em um trabalho mediúnico.
Quantas oportunidades oferece-nos nosso Pai Divino!
Em tão farta mesa porque morrer de fome?
Não importa se é um trabalho realizado no centro
espírita ou se feito por conta própria, se de forma conhecida ou anônima. O
amor e o amar não pede nome.
A felicidade não está na outra ponta do arco íris,
ela está ao nosso alcance. Sempre esteve, apenas nos fizemos cegos e
insensíveis a isso.
“Faça ao próximo o que você gostaria que lhe
fizessem”. Ensinou o Mestre Jesus. Isso torna tudo muito mais fácil, pois
sabemos então o que exatamente fazer.
Se então é tão bom e tão fácil, porque não fazer?
“Ama o teu próximo como a ti mesmo”, ensinou o
Mestre Jesus.
Se não conseguimos amar o próximo é porque não
aprendemos a nos amarmos de verdade.
Somos como a criança que diante de uma mesa farta de doces, come até não poder mais e pouco tempo depois passa mal e tem que ficar por um bom tempo vomitando o que comeu. O doce não é ruim, mas sim o seu excesso. Excedemos-nos naquilo que Deus nos dá de necessário a viver. Perdemos tempo com o excesso do que não precisamos.
E se você tem em excesso, divida com quem não tem
nem o necessário.
Se você não tem nem o necessário para você, de um abraço, um sorriso, um ombro amigo, essas dádivas se multiplicam ao infinito. Portanto você também tem em excesso para dar.
Ajuda-te que o céu te ajudará.
Sirva para ser servido.
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Luis
Fernando Ferreira Canhero