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domingo, 15 de julho de 2012

Com brincadeiras também se aprende


Com brincadeiras também se aprende

Um amigo meu escreveu para mim a seguinte frase: - Que saudade da época que eu tinha férias!

Diante desta e de outras frases eu só conseguia ver o meu joelho, é o meu joelho, mais precisamente uma cicatriz de três pontos que eu ganhei ao cair e me machucar inteira. Lembrando dessa cicatriz voltei ao dia em que ela ocorreu, era um dia muito frio de inverno, eu e minhas primas resolvemos apostar uma corrida em uma rua onde tinham acabado de colocar pedras, pois lá ainda não havia asfalto, quem ganhou a corrida não me lembro, mas o premio com certeza foi eu, pelo menos os pontos só eu os tenho e vou levá-los por mais algum tempo, não há como passar esse meu troféu a outro ganhador, ele é meu, tanto física como emocionalmente, só meu!

Diante disto só por um instante se nós adultos com um pouco mais de trinta anos, buscarmos as nossas cicatrizes de infância iremos constatar que varias delas só nos dá boas lembranças. Elas mostram o quanto fomos crianças, no melhor sentido da palavra. Para nós não havia limites, tudo, mas tudo mesmo era motivo para diversão e o momento mais esperado do ano eram as mágicas férias, período esse onde nosso mundo se transformava, onde a brincadeira era criada, reinventada, acima de tudo eram vividas, oposto de hoje, aonde quase tudo vem pronto.

A rua, os terrenos ao redor das nossas casas éramos nossos acampamentos, as árvores eram as paredes de alpinismo, não tínhamos games, jogávamos mesmo era amarelinha, bola, pião, não íamos aos MC’s, mas não víamos à hora de saborear um simples bolo de fubá, nós brigávamos, nos dávamos apelidos maldosos, ficávamos de mal, mas só até a próxima brincadeira.

Nossa nós praticávamos Bulyling! Olha que nossas mães faziam questão de que a briga acabace com um abraço, é o bullying não tinha muito espaço para sobreviver a tanta diversão e principalmente as nossas mães.

Elas estavam atentas a cada ato nosso mesmo que trabalhasse fora de casa, sempre tinha alguém de olho em nós, e nossos pais, eles tinham tempo para ensinar como brincar, por exemplo, bolinha de gude, eram os adultos quem nos ensinava a brincar, a construir o brinquedo, nada tinha manual e assim mesmo éramos crianças, crianças felizes.

Hoje o que temos são crianças que não sabem mais brincar com coisas simples, e o mais importante seus pais esqueceram como foram suas infâncias, não dão mais valor, por exemplo, as férias, como um momento de alegria, onde poderiam reunir o presente e o passado para auxiliar no crescimento de seus filhos.

As brincadeiras podem ser um auxiliar, no processo de aprendizagem de seus filhos, facilitar na hora de ensinar as regras sociais ou de conduta, o respeito, a paciência, enfim tudo aquilo que nós nos propomos quando resolvemos acolher este ser no seio de nossas famílias, é o que o Nosso Pai espera de nós, que os alimentemos com bons exemplos.

Se hoje vivemos em uma sociedade que nos devora o tempo, é porque nós escolhemos assim! Talvez ao olharmos as crianças de hoje e observarmos que elas não vivem como crianças, que suas brincadeiras não são atrativas e às vezes nem saudáveis, possamos mudar o direcionamento que estamos dando a nossa sociedade e focarmos mais na saúde e na educação de nossos filhos. Que devemos mesclar o passado e presente e teremos quem sabe num futuro não muito distante pessoas se orgulhando das cicatrizes que a vida lhe deu.

Então neste momento eu lhes convido a tira à criança adormecida que existe em cada um de nós e aproveitem as férias de julho para brincar, ensinar seus filhos, netos, sobrinhos, enteados, enfim ensine uma criança a brincar de verdade, como nós brincávamos, ensinem elas a serem crianças a aproveitar o máximo deste período tão curto de nossas vidas, mas principalmente cumpra com o seu dever de educar e amar. 

Telma Filintro